Conheça a Pastoral Carcerária

A Pastoral Carcerária surgiu oficialmente como serviço organizado da CNBB na década de 80 no Brasil. Porém desde quando surgiram os presídios existem relatos de que a Igreja Católica se fazia presente nos cárceres (cadeias e penitenciárias femininas). Na Arquidiocese de Vitória não se tem um registro oficial da criação desta Pastoral com uma ata ou relatório, mas segundo informações de lideranças da Igreja na época também foi na década de 80 que ela surgiu, após uma Conferência da CNBB que implantou a Pastoral Carcerária vendo a realidade do abandono na assistência aos encarcerados.

Seu lema nacional é “Estive preso e vieste me visitar” (Mt 25, 36). E é com esse lema em mente que esta pastoral social age junto às pessoas presas e suas famílias. O Diretor Espiritual da Pastoral Carcerária na Arquidiocese de Vitória, padre Vitor César Zille Noronha, afirma que a Pastoral atende a um objetivo, um pedido de Nosso Senhor Jesus Cristo, que não só foi um preso, mas também se identifica com os presos: “a Pastoral Carcerária é a Igreja misericordiosa que vai ao espaço do cárcere para se fazer próxima desses irmãos”.

Padre Vitor explica que a Pastoral Carcerária tem dois braços que são integrados e formam em unidade: um que pode ser chamado de evangelização e outro que pode ser chamado de promoção, libertação, evangelização, um desenvolvimento integral. “O sentido da Pastoral estar presente no cárcere é anunciando a Boa Nova de Jesus, preparando para os sacramentos, celebrando e rezando, mas também defendendo a dignidade humana das pessoas encarceradas que vivem uma realidade muito dura, muito cruel até. As pessoas vivem em espaços muito restritos, superlotação, realidade de tortura e de doenças. A gente busca ser nesse espaço a presença misericordiosa do nosso senhor Jesus Cristo, de modo que sejamos sinal de esperança para esses irmãos e esperança também para sociedade. De modo que não haja mais cárcere, não haja mais detentos e que as pessoas julguem menos e procurem amar mais esses irmãos”.

A Pastoral atua dentro dos presídios abordando os detentos, algumas vezes nas próprias celas, dentro das próprias alas em visitas de aproximação. Nesse local os agentes partilham a vida com os presos, rezam juntos, acolhem, eles ouvem as necessidades. Existe também os momentos ligados à iniciação cristã. Os agentes identificam os detentos que não tem os Sacramentos da iniciação cristã (Batismo, Primeira Eucaristia e o Crisma) e aí estes são reunidos em grupo e existe o processo de catequese ou catecumenato, mas é feito de modo integrado, dentro do espaço do cárcere. No momento da celebração dos Sacramentos são envolvidos também os diáconos, padres e até o Arcebispo quando há o sacramento do Crisma.

Também existe um acompanhamento em situações de vistorias, na perspectiva dos Direitos Humanos. Os agentes da pastoral verificam as condições básicas de higiene, se está sendo respeitada a dignidade básica da pessoa humana, se estão acontecendo torturas, situações de violência física e também psicológica. O objetivo é contribuir com os poderes públicos para o restabelecimento da dignidade dentro do cárcere. “A gente como seguidor de Jesus tem plena consciência de que a violência sempre gera mais violência. Então se essas pessoas que já vem de uma história de vida de muita violência e se ele chega no espaço do cárcere e é ainda mais violentada, o resultado nós já sabemos qual será”, pontua padre Vitor.

Ainda segundo o Diretor Espiritual a realidade pode ser diferente se essa pessoa chega ao espaço do cárcere e tem a oportunidade de receber amor do ponto de vista pessoal, no trato, na proximidade, na partilha, no acolhimento, nas orações, na preocupação e também amor do ponto de vista institucional, em relação as oportunidades, espaço, presença da família, presença de assistência social e do apoio psicológico. Além das condições de trabalho dentro do cárcere, para remição de pena e do acesso à leitura e ao estudo: “Muitos não têm Ensino Médio completo, alguns inclusive não tem ensino fundamental completo, e tudo isso é o que consegue fazer de fato o processo de restaurar a vida daquela pessoa, fazer um processo de justiça restaurativa e é nessa perspectiva que a gente luta”.

No território da Arquidiocese de Vitória existem atualmente 20 Unidades Prisionais. Dessas são atendidas apenas 12 unidades, devido ao baixo número de agentes. Padre Vitor conta que antes da pandemia a Pastoral contava com 49 agentes e a necessidade para atender a todos as esferas é de no mínimo 100 agentes. Para tentar amenizar essa dificuldade será oferecido um encontro de formação para quem deseja conhecer melhor a Pastoral Carcerária e sentir no coração o desejo de seguir essa missão. O encontro será no dia 06 de novembro, em Ponta Formosa e as inscrições e mais informações serão divulgadas em breve.

Fonte: aves.org.br