21 de agosto – São Pio X – Papa

José Melquior Sarto, segundo de 10 filhos, nasceu num vilarejo na região de Riese, Treviso, norte da Itália, no ano de 1835. Sua família era pobre e muito católica. Sua inteligência brilhante ficou evidente desde cedo, e seus pais fizeram um grande esforço para que ele pudesse estudar. Caminhava vários quilômetros por dia para ir e voltar da escola, almoçando apenas um pedaço de pão. Já nessa época dizia querer ser padre.

Seu pai faleceu quando estava prestes a entrar no seminário, e José quis abnegadamente abandonar os estudos para ajudar em casa. Sua mãe, mais abnegadamente ainda, o manteve no seminário, onde também se destacou pela inteligência. Foi ordenado com 23 anos, em 1858. Inicialmente foi vice-vigário em um vilarejo, depois vigário de uma grande paróquia. Pelo seu sucesso pastoral, foi nomeado cônego da catedral de Treviso e diretor espiritual do seminário, e então bispo da diocese italiana de Mântua (1884) e patriarca e cardeal de Veneza (1895). Este trajeto foi relativamente rápido, em função da sua humildade, vida de oração e capacidade intelectual. Em 1903, foi eleito Papa e adotou o nome de Pio X.

Esta nomeação não mudou a sua vida de simplicidade, modéstia e pobreza. Adotou como lema de pontificado “Restaurar as coisas em Cristo”, e o colocou na prática cuidando zelosamente das questões internas da Igreja.

Neste sentido sua primeira providência foi acabar com o absurdo “veto leigo” usado por algumas monarquias europeias para interferir nas eleições papais, elaborando uma nova constituição para os conclaves. Mas muitas e importantes foram as suas ações em favor da Igreja e dos fiéis: promoveu a reforma da Cúria Romana e dos seminários, bem como a do Missal e a do Breviário (livro de orações obrigatórias diárias dos sacerdotes); codificou o Direito Canônico, criou o Instituto Bíblico e ordenou a revisão da Vulgata (tradução original da versão bíblica do Grego e Hebraico para o Latim); protegeu a música sacra, dando primazia ao canto gregoriano. Como grande devoto da Eucaristia, e sabendo da sua importância primordial na vida espiritual da Igreja, concedeu que os fiéis pudessem comungar todos os dias, o que era raro, e determinou que as crianças pudessem fazer a Primeira comunhão já aos sete anos (anteriormente, só em idade maior). O Catecismo passou a ser ministrado em todas as paróquias e para todas as idades; para isso elaborou um Catecismo famoso, que leva o seu nome, com a estrutura de perguntas e respostas, de modo a ser simples e acessível também às pessoas mais simples.

Importantíssima foi a sua postura contra as leis anticristãs na França, e contra o Modernismo (movimento anticatólico a partir das filosofias de Kant e Hegel levando ao racionalismo e ao idealismo ateus), particularmente através da Encíclica Pascendi Dominici gregis (1907), onde deixa claro os erros destas ideias. Na Itália, diminuiu as restrições de participação dos católicos na política.

Promoveu a criação de bibliotecas e incentivou os cientistas. Só no Brasil, criou 22 bispados e sete arcebispados. Fez imensos esforços para evitar a I Guerra Mundial, e muito sofreu por não consegui-lo. Além de tudo isso, Pio X foi um brilhante teólogo, embora se definisse como “um simples pároco do campo”, e teve o dom da cura: durante a vida, vários doentes recuperaram a saúde depois de ter contato com ele, o que ele explicava com simplicidade acontecer por causa “do poder das chaves de São Pedro”, e não dele pessoalmente. Sua bondade suave e marcante levava a que o chamassem de “padre santo”, o que ele corrigia com um sorriso: “Não se diz santo, mas Sarto”, o seu sobrenome.

Para sua família, que não quis favorecer e continuou pobre, somente pediu aos cardeais uma esmola mensal para suas idosas irmãs.

 Ficou conhecido como o Papa da Eucaristia e o Papa das Crianças, falecendo em 20 de agosto de 1914 com 79 anos.

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