Leitura do Livro do Eclesiástico
4,12-22 (gr. 11-19)
A sabedoria comunica a vida a seus filhos
e acolhe os que a procuram.
Os que a amam, amam a vida;
os que a procuram desde manhã cedo,
serão repletos de alegria pelo Senhor.
Quem a ela se apega, herdará a glória;
para onde for, Deus o abençoará.
Os que a veneram, prestam culto ao Santo;
pois Deus ama os que a amam.
Quem a escutar, julgará as nações;
quem a ela se dedicar, viverá em segurança.
Se alguém confiar nela,
vai recebê-la em herança;
e na sua posse continuarão seus descendentes.
No começo, ela o acompanha por caminhos contrários,
trazendo-lhe temor e tremor;
começa a prová-lo com a sua disciplina,
até que ele a tenha em seus pensamentos
e nela deponha sua confiança.
Então voltará a ele em linha reta,
o confirmará e lhe dará alegria,
lhe revelará os seus segredos
e lhe dará o tesouro da ciência
e da compreensão da justiça.
Se, porém, se desviar, ela o abandonará
e o entregará às mãos de seu inimigo.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos
9,38-40
Naquele tempo,
João disse a Jesus:
“Mestre, vimos um homem
expulsar demônios em teu nome.
Mas nós o proibimos,
porque ele não nos segue”.
Jesus disse:
“Não o proibais,
pois ninguém faz milagres em meu nome
para depois falar mal de mim.
Quem não é contra nós é a nosso favor”.
O Evangelho da liturgia de hoje narra um breve diálogo entre Jesus e o apóstolo João, que fala em nome de todo o grupo de discípulos. Eles viram um homem que expulsava demônios em nome do Senhor, mas impediram-no de o fazer porque não pertencia ao seu grupo. Jesus, neste momento, convida-os a não impedirem aqueles que praticam o bem, pois concorrem para realizar o projeto de Deus (cf. Mc 9, 38-41). […] As palavras de Jesus revelam uma tentação e oferecem uma exortação. A tentação é o fechamento. Os discípulos desejavam impedir uma obra de bem só porque a pessoa que a realizava não pertencia ao seu grupo. Eles pensam que têm “direitos exclusivos sobre Jesus” e que são os únicos autorizados a trabalhar pelo Reino de Deus. Mas deste modo acabam por se sentir prediletos e consideram os outros como estranhos, a ponto de se tornarem hostis para com eles. Com efeito, irmãos e irmãs, cada fechamento afasta quantos não pensam como nós. E isto – como sabemos – é a raiz de tantos males da história: a partir do absolutismo que muitas vezes gerou ditaduras e de tantas violências para com aqueles que são diferentes. Mas também devemos vigiar sobre o fechamento na Igreja. Porque o diabo, que é o divisor – é isso que a palavra “diabo” significa, ele faz divisão – insinua sempre suspeitas para dividir e excluir pessoas. (Angelus de 26 de setembro de 2021)