30 de abril – São Pio V

Antônio Michele Ghislieri nasceu na pequena aldeia de Bosco Marengo, província de Alexandria no norte da Itália, em 1504. Quando rapaz, era pastor de ovelhas. Aos 14 anos ingressou na Ordem Dominicana. Ordenado sacerdote, ocupou sucessivamente vários cargos: professor, prior conventual, superior provincial, inquiridor do Santo ofício em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi próximo a Roma, cardeal, bispo de Mondovi e Papa em 1566, aos 62 anos, com o nome de Pio V. Participou, como bispo, da última sessão do Concílio de Trento (1562-1563).

Este era o período da Contra-Reforma Católica diante do desafio da “Reforma” Protestante, e o Concílio de Trento, um dos mais importante da Igreja, estabeleceu normas claras para a ação da Igreja, que precisavam ser implementadas. Ao mesmo tempo, havia a grave e iminente ameaça da invasão muçulmana dos turcos otomanos na Europa.

Pio V teve uma grandiosa atuação em diversas áreas, em apenas seis anos de Pontificado. Fundamental foi ter colocado em prática os Decretos do Concílio. Neste sentido, publicou a Bula “In Coena Domini”, sobre a custódia da Fé e contra as heresias protestantes, condenando os crimes dos soberanos, com boa repercussão na Itália, Portugal, Polônia e Alemanha; dos países católicos, apenas a França colocou oposição. Excomungou a rainha Elisabeth I da Inglaterra, cismática e perseguidora dos católicos, e abençoou os soberanos que aderiram às mudanças do Concílio. Publicou e difundiu o Catecismo Tridentino, e reformou o Breviário (1568) e o Missal (1570) Romanos, utilizados até 1968. Confirmou a importância do cerimonial.

Trabalhou muito para corrigir e elevar o comportamento do clero e da população: acabou com a simonia na Cúria Romana (“comércio” de favores espirituais como bençãos e indulgências, ou de coisas temporais relacionadas às espirituais, como cargos e benefícios eclesiásticos), reduziu os gastos da Corte Papal, combateu energicamente o nepotismo (aos seus parentes que ambicionam cargos em Roma, disse que deveriam se considerar ricos por não estarem na miséria; afastou da cidade um sobrinho relapso, sob ameaça de pena de morte), aboliu costumes mundanos dos funcionários da Cúria; impôs a obrigação de residência para os bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o aumento das missões, a censura para publicações religiosas (em face das divulgações heréticas). Para dar o exemplo, levava vida santa e austera, dormindo sobre palhas e jejuando com frequência. Auxiliou os necessitados com a criação dos montepios (“Monte de Piedade”), procurando livrá-los dos usurários; dedicava semanalmente dez horas de audiência aos pobres; fundou os hospitais de São Pedro e do Espírito Santo; distribuiu alimentos e promoveu serviços sanitários em 1566, um período de escassez; abriu estradas e reformou aquedutos; proibiu em Roma as touradas e o uso de máscaras.

Além de resgatar a unidade religiosa do continente, conseguiu unir a Europa também politicamente, ao favorecer o fim das guerras internas e criar a Liga Santa, uma coalisão militar, chefiada pelo imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Maximiliano II, em aliança com a República de Veneza e a Santa Sé, de modo a combater os muçulmanos. O confronto decisivo se deu na Batalha (naval, no golfo) de Lepanto (no Mar Jônico, Grécia), em 7 de outubro de 1571, mas o Papa já ordenara o apoio espiritual, com preces públicas e orações penitenciais. Em cada navio exigiu um sacerdote para a confissão dos soldados, que deveriam também rezar o Rosário; colocou um núncio apostólico no porto de saída da armada de guerra, na Sicília (Itália), para abençoar cada navio – que levavam todos o estandarte de Maria – com a imagem de Nossa Senhora.

A frota católica, com 243 navios, enfrentou as 283 naves otomanas num combate de aproximadamente quatro horas. Enquanto rezava o Terço durante este período, Pio V teve uma visão da vitória católica, e mandou tocar todos os sinos em Roma. Ele instituiu nesta data a festa de Nossa Senhora do Rosário (da Vitória), e construiu a igreja de Santa Maria della Victoria, onde está a famosa escultura de Bernini, “Êxtase de Santa Teresa”. Acrescentou também a invocação “Auxílio dos cristãos, rogai por nós”, na Ladainha de Nossa Senhora.

São Pio V faleceu no dia 1° de maio de 1572, já debilitado por longa doença.

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