22 de Setembro – São Maurício

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Em meados do século III, sob o imperador romano Galiano (entre 253-268), houve um período de “pequena paz para a Igreja”, no qual as perseguições aos católicos foram interrompidas, exceto por episódios isolados, e que perdurou para além do seu governo. Em 284 assumiu o império Dioclesiano, que decidiu tornar Maximiano Hercúleo seu coimperador no Ocidente, enquanto ele cuidava do Oriente.

Maximiano teve que enfrentar a revolta de Caráusio, um seu comandante militar na região da Gália Bélgica (atualmente regiões da Bélgica, Luxemburgo, norte da França, sul da Holanda e oeste da Alemanha), e entre as tropas que mobilizou estava a Legião Tebana ou Tebaica, por sua origem em Tebaida no Egito.

Toda uma coorte (mil homens) desta legião era composta por católicos, comandados por Maurício. Neste período, cerca do ano 286, pouco anterior à chamada Era de Dioclesiano ou Era dos Mártires (295-310), as cruéis perseguições deste imperador aos cristãos ainda não haviam começado, e eles ocupavam vários cargos, inclusive militares.

O exército de Maximiano atravessou os Alpes e chegou ao vale do rio Ródano, na atual Suíça. Para descansar a tropa, foram decretados três dias de festas em Octodorum, para homenagear os deuses do império, o que incluía sacrifícios a eles. A guarda avançada, com Maurício e companheiros, acampou em Agaunum, uma aldeia a cerca de 24 km do Lago de Genebra e a cinco km da cidade.

Eles se recusaram a sacrificar aos deuses pagãos, e Maximiano, irritado, mandou dizimar parte destes legionários para obter obediência. Como os demais permaneceram firmes na recusa, um segundo massacre foi ordenado.

Novamente Maximiano intimou os sobreviventes à apostasia, mas a resposta de Maurício e seus oficiais (Exupério, Cândido, Vital, Alexandre, Vitor, Inocêncio) foi contundente: “Somos teus soldados e não menos servidores de Deus. Sabemos perfeitamente a nossa obrigação como militares, mas não nos é lícito atraiçoar o nosso Deus e Senhor. Estamos prontos a obedecer a tudo que não contrarie a lei de Jesus Cristo Nosso Salvador.

Fomos testemunhas da morte dos nossos companheiros e não nos queixamos; antes, com eles nos congratulamos. Tuas ameaças não provocam sentimentos ou planos de rebelião de nossa parte. Estamos com as armas nas mãos, mas delas não faremos uso para nos defender. Antes queremos morrer inocentes do que viver culpados.”

Diante disso, o imperador mandou o exército exterminar os soldados restantes, que esperaram pacificamente os golpes de espada, dobrando as cabeças.

O local do massacre no campo de Agaunum, à beira do Ródano, foi historicamente identificado como a cidade de Martigny, nome derivado de “martírio”. Uma igreja, só descoberta por volta de 1893, foi ali erguida em honra destes mártires, e no século seguinte construiu-se uma basílica no lugar da execução. Em 520, o rei Sigismundo da Borgonha lá edificou o Convento de São Maurício de Agaunum, onde são veneradas as relíquias dos soldados mortos ainda hoje, e cujo deu origem à cidade de São Maurício, em Valais, na Suíça.

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